quarta-feira, 22 de setembro de 2010

...Sadhu, o eremita que era uma planta...

Certa vez caminhando, encontrei com o eremita "sadhu".
Estava ele, no auge de seu desenvolvimento mental e psicossomático.
Em contra ponto, seu corpo muito magro apresentava sinais da idade avançada e dos métodos de acetiscismo e meditação que usara durante toda a sua vida.
Em silêncio aproximei-me e sentei ao seus pés, e fiquei observando-o.
Lentamente, como se alguém tivesse sussurrando em seus ouvidos, sobre a minha presença ele abriu os olhos.
Espantei-me,e envergonhado disse:
--Perdão nobre mestre, não quis atrapalha-lo em sua meditação.
--Não atrapalhou meu filho. Estava aqui esperando-te. Disse o asceta.
Intrigado, perguntei:
-- Esperando-me ?
--Sim. de onde eu estava eu já tinha ido embora meu filho. Alguém que tem acesso a outro tempo, sabe ler esse plano como uma carta bem escrita.
-- E porque eu? Qual a minha importância? Perguntei.
--Porque você, é como todos. Comum. Homem de bem que só quer ver o bem de todos, assim como todos os outros que estão em forma humana, buscando uma evolução neste plano. Você não tem "uma" importância especial meu filho. E ao mesmo tempo é o homem mais importante do mundo. Você é único. Assim como todos, um universo vivo.
Espantado, perguntei:
--Onde estou?
--Em algum lugar, um outro plano que você não pode compreender, por conta do seu limitado desenvolvimento mental.
--Porque o Sr. Está nessa posição?
--Estava orando meu filho, abstendo-me de algo muito simples, como usar as duas pernas para o equilíbrio, desenvolvo maior controle mental.
--Meditando? Perguntei.
--Sim, meditando, orando e emanando bençãos a todos os seres sencientes que delas necessitam. Concluiu.
--Bençãos? oque são essas "Bençãos emanadas"?? Perguntei.
--Sim. Bençãos são combustíveis para os acontecimentos karmicos positivos, de todas as vidas no planeta terra. Estou aqui orando e meditando nestas bençãos, para que todos que precisem de qualquer tipo, as recebam estejam onde estiverem. Mesmo aqueles de quem nunca ouvi falar e nunca ouvirei serão beneficiados por elas.
--A quanto tempo o Sr. está nessa posição? E como faz para comer??Indaguei.
-- Em uma perna só a mais ou menos 6 anos. Sem abrir as mãos, com os braços levantados a 20 anos. E sem sair da floresta em retiro de oração e meditação por mais de 50. Respondeu o velho. Não mais me alimento, vivo das bençãos que emano e das que recebo de outros "Sandhus" como eu. Vezes ou outra bebo um pouco de água da chuva, ou como algum fruto que cai aos meus pés. Mais não mais sinto necessidades alimentares, superei-as, como muitas outras funções biológicas naturais. Nutro-me com a energia das árvores, o som dos pássaros, com o frescor do vento, com as cores do por-do-sol, etc...
-- E essas "arvorezinhas" que brotam de suas mãos?? Perguntei intrigado.
-- Elas simplesmente nasceram ai, quando iniciei meu processo de abstinência, e de prática nas mais variadas posições yoguis, segurei dois punhados de terra firmemente, pedi para a mãe Gaya que me nutrice com eles. Isso foi a uns 20 anos terrestres, desde então tenho meditado constantemente em ser uno com a natureza a minha volta. Meditando sempre em senti-lá e em ser parte dela, recebi de presente como forma de amor da mãe Gaya, a oportunidade de servi-lá sendo um "vaso", para essas pequenas arvorezinhas crescerem. Sou parte viva da natureza meu filho. Concluiu sorrindo.
Não mais consegui fazer-lhe perguntas.
Sentia-me tomado pela energia de seu amor.
Minhas palavras não faziam mais sentido diante aquele homem santo.
Palavra nenhuma fazia sentido.
Tudo o que eu conhecia não fazia mais sentido.

Um comentário:

  1. Disse um grande Mestre Zen, uma vez: "As situações podem variar infinitamente, mas o homem não varia. Assim, assume formas segundo as condições, como a luz que se reflete na água."

    Paz e luz, guerreiro!

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